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segunda-feira, 22 de julho de 2013

COMO FUNCIONA O ESQUEMA DE PIRÂMIDE




      Hoje, vamos procurar entender um pouco sobre os esquemas de pirâmides. O esquema em pirâmide também conhecido como pirâmide financeira é um modelo comercial previsivelmente não-sustentável que depende basicamente do recrutamento progressivo de outras pessoas para o esquema, a níveis insustentáveis.

      Vamos supor um exemplo básico, você está no jardim de sua casa cortando a grama e de repente chega um vizinho dirigindo um BMW novinho. Ele está de terno e tem uma pasta nas mãos. Você nunca tinha visto esse sujeito com outra roupa que não um moletom. Será que o pai ou familiar milionário morreu?

      Então, você resolve conversar com ele e no meio do papo, você pergunta o que aconteceu, apontando para o carro e o terno novos. Ele se faz de desentendido e se limita a responder que teve sorte com uma oportunidade de negócio. Você fica curioso e quer saber mais detalhes.

      Seu vizinho conta que agora é distribuidor freelancer de uma empresa de suplementos vitamínicos. Ao que parece, existe muita gente disposta a pagar caro pelos seus produtos no mercado. E, ainda melhor, quanto mais vendedores ele contratar, mais vantagem e mais dinheiro ganha. Por uma taxa de inscrição única e mais o custo da mercadoria, ele diz que você poderia começar a mesma coisa amanhã. "Basta arranjar 10 vendedores e dentro de um mês você terá o seu BMW", completa.

      Nossa, você pensa. Que negócio maravilhoso. Nada de trabalhar no escritório, nada de patrão, só basta administrar de casa uma equipe de vendedores. Você aceita a "incrível" proposta. Entrega um cheque ao vizinho, recolhe seu kit inicial de produtos e começa a usar o telefone em busca de potenciais vendedores.

      Você liga para seu amigo João para ver se ele está interessado. O estranho é que, um dia antes, ele também encontrou com seu vizinho no supermercado e assinou o contrato como vendedor (ou divulgador, muito utilizado atualmente, nos esquemas de pirâmides). E, pior, João já andou telefonando a muita gente e parece que o vizinho e os seus colegas já assinaram com metade da cidade.

      "Ninguém vai querer comprar de nós porque todo mundo está tentando vender!" exclama, seu amigo João. "E jamais vamos recuperar nosso dinheiro atraindo outros vendedores, porque não sobrou ninguém para recrutar".

      Aparentemente, você e seu amigo foram apanhados por um esquema de pirâmide. O vizinho e seus colegas estão no topo dela. Entraram cedo e fizeram dinheiro recrutando pessoas como você. Mas agora você concorre com centenas de outros distribuidores pelo mesmo pequeno grupo de potenciais vendedores. As chances de recuperar seu dinheiro são mais baixas do que em um cassino em Las Vegas.


      Assim, quem ganha e quem perde dinheiro com um esquema de pirâmide? E que sinais indicam que uma fabulosa "oportunidade de negócios" na verdade é uma pirâmide disfarçada?

      A principal característica de um esquema de pirâmide é que os participantes só ganham dinheiro caso recrutem novos membros. Existem muitos tipos diferentes, mas os dois básicos são o baseado em produtos e os chamados esquemas de pirâmides nus.

      Em um esquema de pirâmide nu, não se vende produto algum. Eis como ele funciona:
  1. Uma pessoa recruta 10 outras para participar de uma "oportunidade infalível de investimento".
  2. Os 10 recrutas pagam cada qual US$ 100 ao recrutador.
  3. O recrutador em seguida os intrui a recrutar cada qual 10 novas pessoas para fazer o mesmo.
  4. Caso cada recruta obtenha sucesso, lucrará US$ 900 com um investimento de US$ 100.
       Parece bastante simples, mas eis o problema: digamos que os 10 recrutas iniciais encontrem cada qual 10 outras pessoas. Esses 100 recrutas precisarão de 10 novos participantes cada um para lucrar US$ 900. Isso significa que é preciso haver mil pessoas interessadas. Caso essas mil pessoas sejam encontradas, o novo nível da pirâmide precisaria de 10 mil recrutas para manter o nível de lucro. Chega um momento em que não existem recrutas suficientes na base da pirâmide para sutenstar a camada superiro. Então, ela desaba e as pessoas da camada mais baixa perdem seu investimento.

      Um esquema de pirâmide baseado em produto representa o mesmo conceito disfarçado de oportunidade legítima de vendas diretas. Eis como o processo funciona:
  1. Um distribuidor recruta 10 vendedores, cada qual paga US$ 500 pelo seu kit inicial de produtos.
  2. O distribuidor fica com 10% do valor inicial de cada kit inicial.
  3. O distribuidor também fica com 10%. das vendas de cada produto que um recruta coloque, incluindo novos kits iniciais.
  4. As pessoas no topo da pirâmide recebem comissões de todo mundo em suas linhas hierárquicas, os diversos níveis de recrutas posicionados abaixo deles na pirâmide.
      O grande problema com a maioria dos esquemas de pirâmides baseados em produtos é que os produtos não vendem muito bem ou oferecem margem de lucro muito baixa. Assim, a única maneira de ganhar dinheiro é obter novos recrutas. Por fim (e de maneira surpreendentemente rápida), o mercado se torna saturado. Há gente demais tentando vender os mesmos produtos nada atrativos, e não resta ninguém a ser recrutado.

      É mateticamente impossível que todo mundo ganhe dinheiro em um esquema de pirâmide. Se, por exemplo, cada recruta encontrar 10 pessoas para recuperar seu investimento inicial, no oitavo nível da pirâmide seria necessário recrutar um bilhão de pessoas para que os participantes do nível pudessem recuperar seu dinheiro. E o nível seguinte requereria 10 bilhões de pessoas, quase duas vezes a população da Terra.

      De fato, esquemas de pirâmides só funcionam se alguém perder. As pessoas na base são essencialmente fraudadas pelas que ocupam os níveis mais elevados. Trata-se de um fato matemático que, não importa quantas pessoas venham a participar de um esquema de pirâmide, 88% dos membros estarão na base e perderão seu dinheiro. Esquemas de pirâmides são ilegais, pois as pessoas não perdem seu dinheiro devido as forças de mercado normais, porém porque o sistema requer que elas percam a fim de que alguns poucos, posicionados no topo da pirâmide, ganhem.

      Estudos comprovam que um esquema de pirâmide nu faz com que 90,4% dos envolvidos percam dinheiro, enquanto que nos baseados em produtos o número sobe a chocantes 99,88%.

      Então, qual é a diferença entre esquemas de pirâmide baseados em produtos e empresas legítimas de marketing de múltiplos níveis? Existem companhias legítimas de marketing de múltiplos níveis?

      Marketing multinível (MMN), também conhecido como marketing de rede é um modelo comercial de distribuição de bens ou serviços em que os ganhos podem advir da venda efetiva dos produtos ou do recrutamento de novos vendedores. Diferencia-se do "esquema de pirâmides" por ter a maior parte de seus rendimentos oriunda da venda dos produtos, enquanto, na pirâmide, os lucros vêm, apenas ou maioritariamente, do recrutamento de novos vendedores. Nos Estados Unidos, uma forma de diferenciar os  dois sistemas é a chamada regra dos 70%: se a empresa tem 70% ou mais de seu rendimento advindo dos produtos, é marketing em rede, senão é pirâmide.

      Superficialmente, é díficil de distinguir a diferença entre uma empresa de MLM legítima e um esquema de pirâmide. Isso acontece porque ambos se baseiam no modelo de negócios de "múltiplos níveis" de distribuidores e recrutas. Alguns críticos do MLM dizem que todos que usam o método, mesmo as empresas suspostamente "legítimas", são esquemas de pirâmide disfarçados.

      Em uma decisão histórica, em 1979, a Comissão Federal do Comércio dos EUA determinou que a Amway não era um esquema de pirâmide. Isso abriu caminho para que centenas de empresas seguissem seu modelo de negócios. O site da Amway destaca as diferenças entre as "oportunidades únicas de negócios" que a empresa representa e um esquema de pirâmide:
  • A Amway não paga distribuidores por recrutar novos vendedores.
  • A única maneira de ganhar dinheiro, na Anway, é vender produtos diretamente ao consumidor ou administrar uma equipe de vendas. Os executivos recebem uma porcentagem das vendas de cada um de seus recrutas.
  • A Anway não requer que seus vendedores comprem kits iniciais ou impõe encomenda mensal mínima a quem deseja se manter como membro.
      Ela enfatiza que a principal diferença entre um modelo de MLM legítimo e esquema de pirâmide é que uma empresa que usa o MLM de forma honesta está concentrada em vender produtos, não em recrutar mais vendedores. Em uma empresa que utilize o MLM de maneira legítima, deve ser possível ganhar dinheiro pela simples venda direta de produtos aos consumidores. Com esse critério básico em mente, eis alguma outras maneiras de identificar esquemas de pirâmides baseados em produtos.

  • Esquemas de pirâmides oferecem dinheiro pelo simples recrutamento de pessoas. O dinheiro pode vir como comissão pela venda do kit inicial ou como um "bônus" de recrutamento.
  • Evite as empresas de MLM que enfatizam mais o recrutamento de vendedores do que a venda do produto.
  • Esquemas de pirâmide cobram caro pela adesão, incluindo taxas compulsórias de treinamento, kit inicial e uma taxa de inscrição não reembolsável.
  • Cuidado com empresas de MLM que permite que cinco ou mais níveis de distribuidores recebam comissões pela mesma venda.
  • Garanta que os produtos vendidos tenham valor real e preços competitivos. As marcas são respeitadas? Os fabricantes estiveram envolvidos em processos judiciais recentes?
  • Evite assinar com uma empresa de MLM durante eventos de motivação de alta pressão. Considere a informação cuidadosamente e pense sobre ela em casa.
  • Seja cauteloso quanto a pessoas que tentam convencê-lo das vantagens de um esquema de MLM alardeando sua riqueza pessoal. Perceba que muitas pessoas que dizem ter ganho milhões com MLM, na verdade, ganham dinheiro vendendo livros e vídeos sobre MLM.
  • Resumindo: se parece bom demais para ser verdade, deve ser mentira.

      Um esquema de pirâmide conhecido é o esquema de doação. O método emprega diversos nomes, tais como jantar de gala, mulheres beneficiando mulheres, clube de jantar, círculo de amigos ou rede de poder feminino. Trata-se de uma esquema nu de pirâmide, no qual os novos participantes aderem pagando uma quantia fixa, que é "doada" à pessoa que os recruta. Cabe a cada novo recruta encontrar novos membros; quando novos membros são recrutados, o participante sobe na pirâmide, para patamares que ocasionalmente recebem nomes divertidos como "nível salada" ou "nível sobremesa". Os recrutas têm a promessa de receber uma boa quantia assim que chegarem ao nível mais alto. Os esquemas, muitas vezes, visam às mulheres, promovendo a idéia de que, por meio de doações coletivas, elas estão ajudando uma as outras a ganhar mais.

      Já um esquema Ponzi é um plano de investimento fraudulento no qual o dinheiro não é investido de maneira alguma. Em vez disso, a cada novo investimento é utilizado para pagar os investidores anteriores. Nos anos 20, Charles Ponzi dirigiu uma fraude que prometia, a pessoas da Nova Inglaterra, um retorno de 50% sobre seus investimentos em um prazo de 45 dias. Um esquema bastante complexo que supostamente envolvia cupons postais internacionais [fonte: The New York Times].

      Ponzi terminou recebendo US$ 10 milhões de investidores, dos quais reteve US$ 2 milhões como lucro pessoal. Ele foi sentenciado duas vezes por fraude postal, na justiça federal e estadual, e serviu alguns anos de sentença de prisão. Um esquema Ponzi não é um esquema de pirâmide, porque a fraude é centralizada - controlada por uma pessoa ou entidade - em vez de dispersa por uma rede de pessoas que cometem o crime, voluntária ou involuntariamente.

      Por outro lado, os esquemas de afinidade são considerados esquemas de pirâmide dirigidos a certos grupos étnicos ou religiosos. O trapaceiro se apresenta como membro do grupo e oferece o esquema de pirâmide como forma de "retribuição" à comunidade e de criar oportunidades de emprego para outros membros do grupo. Primeiro, os impostores tentam envolver os membros mais conhecidos de uma comunidade, para estabelecer um exemplo.

      Um dos esquemas de pirâmide mais usados continua a ser o das trapaças envolvendo ações baratas, que são promovidas por mensagens de spam no e-mail. As mensagens mencionam "oportunidade incríveis de investimento" e para "pegar no começo" a alta de uma ação que está "a ponto de decolar!" O mecanismo interno de um esquema de ações barata costuma ser complicado, mas ei uma vista geral de como funciona:


  1. Os trapaceiros criam uma companhia de fachada sem qualquer ativos ou estrutura organizacional - só um nome e sigla de ação.
  2. A ação é oferecida ao público por preço da ordem dos centavos, sob a promessa de que a empresa de fachada em breve passará por uma fusão com outra existente de capital aberto que tenha receita sólida.
  3. Apenas 20% das ações são vendidas ao público. Os responsáveis pela trapaça controlam 80% das ações, o que lhes garante um ganho rápido quando da Oferta Pública Inicial (IPO, sigla em inglês).
  4. Mesmo a preço de um centavo por ação, os acionistas estão pagando muito mais do que o papel vale, já que a empresa tem valor zero.
  5. Depois da oferta pública inicial, o preço das ações dispara e os fraudadores recompram muitas dessas ações. Isso permite que alguns investidores lucrem razoavelmente e dá mais legitimidade ao papel.
  6. Quando mais investidores se deixam enganar e compram ações, mais alto o preço se torna e maiores os lucros para os investidores iniciais.
  7. Por fim, alguém investiga as alegações quanto à ação, o seu valor real - ou falta dele - é descoberto e o preço despenca. Como de hábito, a última leva de investidores - as pessoas na base da pirâmide - arcam com o maior prejuízo.


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